Entrevista com Miguel Marangas: Curador da pista Eletronica do Rock Rio
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Miguel Marangas - curador da pista Eletronica do Rock in Rio desde 2004 / divulgação |
O palco eletronico
do Rock in Rio 2017 é a prova de que as novidades estão sim sendo muito bem
vistas, não somente por aqui mas por todo o planeta. O diretor artístico da
espaço "Eletronica" desde 2004, Miguel Marangas, está antenadíssimo com as
novidades e os sons menos convencionais que fazem a cabeça de quem vai ao Rock
in Rio para curtir as batidas sintéticas. A seguir, um rápido papo com a mente
por trás do line up!
LV – Miguel, você comanda a pista Eletrônica do
Rock in Rio desde 2004. Como tem sido acompanhar o crescimento deste espaço que
tem um alcance global em termos de mídia?
Tem sido
gratificante acompanhar o desenvolvimento e crescimento deste palco dentro do
evento não só artisticamente, mas também tecnologicamente por conta da
reestruturação e modernização do palco, resultando em uma experiência mais
completa. Mas não podemos nos esquecer que hoje, com o crescimento das redes
sociais, a experiência digital também deve ser levada em consideração. Cada vez
mais temos um público que acompanha o evento e o artista através das diversas
plataformas de comunicação disponíveis hoje e queremos que ele também seja
impactado positivamente.
LV – Como é feita a escalação do Line Up? Você sobe
uma montanha? Se isola para filtrar os artistas? Como é o processo?
É um trabalho diário pois nesta área as novidades surgem todos os dias bem como as alterações de tendências, artistas e sonoridades. Existe um conhecimento e contato direto com os artistas e seus representantes que já vem de muito tempo. Sobre o planejamento, hoje os mais conceituados DJs são em sua maioria representados pelas mesmas empresas dos maiores astros do rock e do pop, então os planejamentos das turnês são idênticos e estamos sujeitos a disponibilidade dos artistas, além das questões de orçamento.
LV – Muitos artistas tiveram reconhecimento mundial
após passarem pela tenda Eletronica, sob o seu comando. Você enxerga o formato
como uma plataforma de lançamento também?
Acho
natural, é uma consequência daquilo que dita o mercado e o público, significa
também que potencializamos talentos e isso é gratificante. Atualmente, em
2017, é claramente relevante no caso dos DJs brasileiros, onde o evento
tem uma repercussão ainda maior e onde a indústria da música eletrônica cresceu
muito. O mercado é grande e existem muitos players desde artistas a promotores
de eventos e festivais. No entanto e apenas como exemplo, este ano no Rio
apresentamos The Black Madonna e Maya Jane Coles, duas DJs que fazem parte do
grupo de headliners dos principais eventos de música eletrônica no mundo. São
novas apostas como sempre tivemos no Rio, onde lançamos para o Brasil entre
outros nomes como Steve Aoki, Boyz Noize e Guy Gerber, que após suas
apresentações no festival tiveram uma maior exposição no território nacional.
LV – Levar a chancela do Rock in Rio é importante
para a carreira de qualquer DJ do mundo. Há alguém que vocês ainda sonham
apresentar e que ainda não tenham conseguido?
Sonhar faz bem e felizmente todos os dias surgem projetos novos nesta área. Também queremos proporcionar ao público uma atração atual, esse é um dos grandes desafios da música eletrônica, pois está constantemente em atualização quer ao nível dos artistas que queremos ver, quer do conteúdo que queremos ouvir. Não é por acaso que as maiores estrelas da pop recorrem também aos produtores de música eletrônica para produzirem seus próprios álbuns. A música eletrônica cria tendências e neste momento é o mais desafiante, inovador, desejado e atual estilo de música para todas as idades.
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Eletronica Rock in Rio / Luck Veloso |
LV – Quais as principais diferenças que você enxerga no formato do espaço para a música Eletronica entre os quatro países em que já foi realizado? Brasil, Portugal, Espanha e Estados Unidos.
Hoje temos um palco novo e criado com toda a modernidade que a
eletrônica sugere, com área coberta, iluminação e um espaço todo planejado para
o público. Respondendo
a sua questão: Todos os mercados são completamente distintos. Cada país
exige um estudo para se criar um projeto único. Nos últimos anos o mercado de música
eletrônica no Brasil cresceu muito e deixou de ser um movimento "outsider"
para se tornar um negócio de muitos milhões. Portugal tem uma longa
história e cultura nesta área. Tem uma cena clubbing reconhecida
mundialmente com mais de 25 anos e artistas consagrados no mundo inteiro há
bastante tempo. Lá os festivais trouxeram um complemento ao que já existia, uma
nova experiência. Espanha diverge bastante entre por exemplo a Catalunha,
Madrid e Ibiza que em termos de música eletrônica continua a ser um termômetro
de análise e uma plataforma muito importante não só para Espanha, mas também
para o resto do mercado. A cena clubbing espanhola começou a
desenvolver-se como indústria um pouco mais tarde que Portugal apesar de ter um
potencial maior de mercado. Em 2018 o Sonar Barcelona vai comemorar 25
anos de um trabalho muito válido e rico para esta indústria lá.
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Pista Eletronica Rock in Rio / divulgação |
Nos Estados
Unidos e falando apenas sobre Las Vegas, que é onde o evento se realiza, penso
que é do conhecimento de todos a relevância dos DJs. São os maiores
investimentos feitos ao nível de cachê para um DJ, eventos diários e em locais
que eram anteriormente ocupados com outro tipo de oferta de entretenimento são
hoje as atuações de DJs que predominam. Basta dar um passeio na "Vegas
strip" olhar para os billboards nas ruas e ver quem são
os artistas que se destacam. Se existe um nível de investimento desta natureza
certamente haverá o consecutivo retorno financeiro pois caso contrário isso já
teria sido alterado. Não me parece que estas organizações continuem trabalhando
em áreas onde não tenha retorno, lucro. Um mercado ou indústria mundial
avaliado em 2016 em quase 7 bilhões de U.S Dollars não é mais propriamente uma
“side culture “ no mundo do entretenimento.
LV – Deixe um recado para os fãs do espaço
Eletronico do Rock in Rio 2017!
Venham e
tragam toda a energia possível. Use roupas e calçados confortáveis e se
hidrate. Para aguentar o ritmo do Rock in Rio tem que estar hidratado e
descansado. Outra dica é chegar cedo para aproveitar não só a eletrônica, mas
todas as novas áreas do festival. Aproveitem e dancem muito! Obrigado!
Miguel Marangas.
Entrevista com Miguel Marangas: Curador da pista Eletronica do Rock Rio
Reviewed by luckveloso
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