Drops de Istambul


Istambul - 30/05/2010 - 20h (horario local)

Pode ser clichê tentar descrever sensações devido a uma musica, mas sempre quis conhecer Istambul e a culpa êh de Fausto Fawcett, o poeta e musico carioca que ha mais de vinte anos cantou: "Ai jovem de Copacabana, o que você sente quando chupa as pastilhas de Ancaria e os drops de Istambu?l". Assutado por eu nao ter nenhum motivo histórico? Sou assim. Istambul êh um dos lugares mais interessantes que já vi na vida. Na saída do porto, observei a diferença na cidade, um trem que circula no meio da rua. Voce pode ate dizer, tudo bem, e dai, em Sao Paulo ha trens pelas ruas. Eu disse Trens, com T maiúsculo, super bem conservados e algo muito bem organizado. A única coisa estranha que achei foi o fato de o trem passar em certos pontos a aproximadamente um metro apenas das lojas, ou seja, um mínimo de calcada para pedestres.

Eramos quatro. Eu, Mauricio (mago), Tatiana (sua esposa e cantora) e o acrobata Alvaro. Dois brasileiros e dois chilenos a circular pelas ruas de Istambul absorvendo todas as cores e cheiros que a cidade produz. Juro que vou tentar descobrir o nome das estações em que pegamos e desembarcamos do trem, mas posso adiantar que subimos próximo ao porto e descemos perto da Mesquita Azul, um dos monumentos mais belos da capital da Turquia e logo de cara, demos em frente a uma praca lotada, com o que me pareceu ser um show típico da musica local como um encontro de domingo. Familias inteiras e muitas crianças em cima do palco a dançar, uma cena realmente bonita de se ver.

Entramos na Mesquita Azul e fiquei olhando por um bom tempo aquele templo suntuoso. As torres que o cercam sao enormes, creio que cerca de uns 50 metros ou mais e em todas as suas extremidades, enormes pecas de ouro maciço. Nao êh permitido entrar de bermudas e Mauricio era o único que nao estava vestido adequadamente. Por solidariedade ficamos apenas no pátio do mosteiro, ate porque também nao dava mais tempo para acompanhar a missa. A chamada da missa êh feita por enormes auto falantes instalados por toda a Mesquita e ainda do outro lado da rua. Gravei aquele som com palavras incompreensíveis para mim mas com um significado religioso fortíssimo para o povo local, que rapidamente adentrava a porta principal. Emocionante! O lado de fora da Mesquita Azul possui um imenso lavabo, onde os homens devem limpar os pes.

Rumamos para outro templo, que infelizmente já estava fechado, quando conhecemos em frente a ele um curdo chamado Mustafa. O cara nos deu todas as dicas de como seria para entrar no templo, mesmo que nao estivéssemos muito interessados, mas a atenção dele nos prendeu e ele finalmente conseguiu o que tanto queria. Nos levou para conhecer seu conglomerado de lojas, do outro lado da rua. Em um espanhol bom de se compreender, ele nos falou sobre sua família, a tradição de ter varias mulheres, seus familiares somam duas mil pessoas (!!!!) e êh claro, nos deu uma prova viva da hospitalidade do povo turco. Mustafa êh da fronteira entre o Libano e Iraque, mas tem comercio local ha muito tempo e inclusive já fez vários negócios com brasileiros. Como nao paga impostos, consegue vender os lindos tapetes produzidos em sua loja por preços incrivelmente baratos para a qualidade dos produtos. Um lindo tapete todo feito a mao por exemplo sai por apenas 90 euros.

Lamentei muito por nao estar com dinheiro sobrando na hora, mas paquerei um tapete que levarei em nossa próxima vinda a Istambul, creio que daqui a um mês. Mustafa nos apresentou os amigos que fazem o comercio com ele, na verdade, um pequeno prédio com varias lojinhas, cada uma cuidando de um setor, roupas, relojoaria, tapetes, material para dança do ventre e outros badulaques. Um dos amigos falava um português razoável e demonstrou conhecimento já de nossa sacanagem quando no meio do papo, soltou um "se cunhado fosse coisa boa, nao começaria com c*".Ponto para o turco e muitas gargalhadas para nos. Nao levamos nada mas segundo Mustafa, isso nao era importante. Que contássemos ter um novo amigo agora em Istambul, o que certamente nao esquecerei, ate porque, voltarei. Para compensar, Mauricio fez algumas magicas que os deixaram impressionados. Realmente, o numero em que retira muitas cartas da boca de repente êh algo no mínimo curioso. Um dos que assistiam, o mais jovem com a camisa do Metallica, queria aprender o segredo, mas dificilmente um magico os revela…

Saimos da loja de Mustafa prometendo voltar na próxima parada na cidade e zarpamos pelas redondezas. Ruas cheias e um domingo feliz, uma cidade realmente magica e diferente de tudo o que já vi na vida. Zanzamos pelo centro e paramos em um cafe para descansar e tomar algo. A musica turca êh algo onipresente e o cafe em que paramos nao poderia ser diferente. Ficamos conversando sentados ao som de flautas e batidas hipnóticas sentindo o cheiro do fumo vindo do narguile da mesa ao lado. Bancos baixos, pernas dobradas quase encostando no chão, gatinhos brincando em nossos colos e uma sensação de novidade a cada olhar. Culturas, nossa, como sao diferentes. Os lugares, as paisagens, as pessoas e inclusive os corpos, tudo êh tao diferente que chega a impressionar. As pessoas costumam aproveitar bem as pracas de Istambul, montando verdadeiros pique niques com famílias inteiras, como se todos estivessem em um parque. Por fim, pegamos um taxi e no retorno para o navio, pude sentir o vento fresco no rosto e saborear uma diferente arquitetura nos bares e restaurantes das ruas. Algo minimalista e aconchegante que da vontade de sentar e demorar a sair. Isso tudo êh Istambul.
Drops de Istambul Drops de Istambul Reviewed by luckveloso on 14:45 Rating: 5

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