Ravengard Veloso - uma odisséia artística e musical


Foi através de Ravengard Veloso que conheci a música. Quando ainda éramos pequenos, mesmo com a nossa diferença de idade (ele era 9 anos mais velho que eu), costumava curtir tudo o que ele ouvia. Neste 26 de outubro, onde ele completaria 57 anos, ouvi repetidamente dois sons que ele mais gostava: The Blood, do The Cure e Blue Monday, do New Order.


Infelizmente Ravengard nos deixou no dia 22 de outubro e no dia seguinte, 23 de outubro, justo no dia do aniversário da nossa mãe, eu cuidava para que tudo corresse bem em sua despedida. Acredito que cuidar do falecimento do meu irmão tenha sido um tipo de ritual, uma passagem para um nível mais elevado de entendimento.


É muito duro, com certeza, mas é aquele tipo de coisa da qual jamais poderemos fugir. Mas foquemos na música. Enquanto crescíamos, sempre morando na mesma casa até determinado ponto da vida, dividimos muito de nosso gosto musical e espiritual. Meu irmão tinha dois compactos, em que de um lado havia “Baby I Love Your Way” do Peter Frampton e do outro, “Bennie And The Jets”, do Elton John.


Provavelmente já contei isso em algum outro texto, sobre esse compacto. Aquilo ali pra mim abriu as portas da percepção. Ouvia quase o dia inteiro, quando tinha lá pelos 7 ou 8 anos de idade. Meu irmão deveria então ter 15 ou 16. Cito as idades só para que façamos uma analogia com o que era ouvido àquela época.


Dei meus primeiros passos na noite do Rio de Janeiro através do meu irmão. Ravengard Veloso ainda se chamava Fabiano naquela época e só após a novela em que o Antônio Abujamra usou o cabelo comprido, muito parecido com o que meu irmão usava à época da novela, é que surgiu a alcunha, que ele adotaria como nome próprio, com direito a registro em identidade e tudo. Só descobri isso no dia de sua passagem, embora alternasse em chamá-lo de Fabiano e Ravengard.


Foi ele quem me incentivou a mergulhar na carreira de DJ, logo após eu ter pedido para sair da Marinha, em 1990 / 1991. Comprou equipamentos e começamos uma noite semanal próximo à antiga casa em que morávamos, em Ramos. Dali para eu começar a tocar em bailes maiores foi um pulo, passando pelo York Esporte Clube, onde trabalhei com os amigos Jameson Rangel e Arnaldo Tabosa e depois, indo tocar para seis mil pessoas todas as semanas, nas domingueiras do Olaria Atlético Clube, no Baile da Safári, do lendário Pedrinho da Safari. Em seguida, eu faria uma incursão na Rádio FM 100, da Ilha do Governador, com os amigos Renatinho Muniz, Roberto Karwahall, Márcio Miranda e Cláudio Fagundes, onde fazíamos o programa 100 Definição, um misto de fanzine musical eletrônico, em meados de 1997.


Após essa jornada, mergulhei no audiovisual e na construção de sites informativos, passando a fazer coberturas de eventos, festivais e mergulhando também com ele e o amigo Cláudio “Bacalhau” Fagundes, no meu primeiro Rock in Rio trabalhando, em 2001.


Com o trabalho crescendo e sendo permeado através do site que fundamos, o Culturall, como qual levávamos dezenas de pessoas a peças de teatro gratuitamente, começamos a chegar a mais lugares e em 2009, sequei o nome para Radiocultfm, junto ao amigo André Cult e no ano seguinte, viria um trabalho muito marcante para mim, no qual pude rodar por dezenas de países do mundo, atuando como DJ em navios de cruzeiro, rodando por lugares como Istanbul, Mykonos, Santorini, Athenas, Dubrovnik, Ilha da Madeira, Ilhas Canárias, Barcelona e muitas outras paragens.


Tudo isso, devo certamente ao mergulho inicial à música, promovido lá atrás por aquela pequena bolacha de 7 polegadas, fuçada nas coisas do meu irmão Ravengard Veloso. Hoje no seu dia, dia em que completaria 57 anos aqui nesta Terra, deixo a ele todo o meu reconhecimento, mais uma vez e orgulho por ter compartilhado tantos momentos maravilhosos a seu lado. Irmão, obrigado! Por tudo e esteja com muita luz, que sei que estás.


Todas as fotos de arquivo pessoal, onde cliquei Ravengard em suas atividades.


Músicas citadas no post

The Blood - The Cure
Blue Monday - New Order
Baby I Love Your Way - Peter Frampton
Bennie And The Jets - Elton John.

 


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