The Black Dog mostra o lado mais obscuro da música eletrônica em Post-Truth
Por Luck Veloso - Sabemos que Londres vem sendo berçário de vários projetos de música eletrônica muito interessantes. Uma das crias que mais representa o modo inglês de fazer techno, ainda que com ecos dos sons de Detroit é o The Black Dog. Não, não é nome de música do Led Zeppelin! E a coisa vem de longe! Vamos ao ano de 1989, quando Ken Downie, Ed Handley e Andy Turner lançaram os primeiros EPs por conta própria (lembrando que naquela época, lançar um EP era algo heróico), cheios de misturas que iam do próprio techno ao break beat, captando ainda uma gama de várias outras fontes. Atualmente, o grupo conta com Ken Downie e os irmãos Richard e Martin Dust.
Seus primeiros trabalhos tiveram grande exposição pelo selo Warp, que foi construindo um respeitável nome ao longo das décadas ao arregimentar mentes como as de Brian Eno, Aphex Twin (codinome para o deliciosamente atormentado Richard David James) e mais um monte de gente criativa e que procura sempre sair da curva do quatro por quatro, buscando muitas vezes, sonoridades inimagináveis, nem sempre voltadas para pistas de dança, embora muitas possam e devam ser aproveitadas para tal fim, embora o DJ precise ter cuidado para saber exatamente para qual público deva apresentar tais pérolas, já que geralmente os sons são densos e a princípio, digerível mais por quem assume o risco de ouvir algo bem diferente e sem refrões ou que remetam a hits instantâneos.
Essa introdução toda foi só para te preparar para ouvir o disco "Post-Truth" (Dust Science Recordings - maio de 2018), lançado pelo grupo e que tem faixas que merecem sim muita atenção. São doze faixas ao todo, de um disco bem distinto. A que abre o álbum, "Cognitive Dissonance", é facilmente digerível em pistas onde o público já seja catequizado pelo techno e por suas linhas de baixo mais obscuras. Ela é direta, feita sim para dançar, mas com um tom sombrio. Chega a lembrar, inclusive, uma fraixa do Exposute, chamada "Magic Impuls" (UK - Bonzai / 2002), que também vale muito a pena ser ouvida. Já em "Solipsism", o som cai num breakbeat que lembra inclusive um chachado eletrônico, com linhas repetitivas de teclado, soando perfeito para trilhas sonoras com imagens. Em "Mk Future", o breakbeat aparece nu e cru, como deve ser, com o sequencer ditando a rota da track, que usa inclusive claps (palmas) bem oitentistas, contradizendo um pouco o título mas dando um toque diferente ao som.
O disco segue, soturno e introspectivo com "Nothing Ever Changes", uma breve vinheta apocalíptica, que cai muito bem em filmes onde a tensão dão o tom e logo em seguida, cai em "The Truth is In The Post", com uma queda para o ambient electro, algo bem noir que remete a viagens, daquelas onde colocamos a faixa para rolar e nos deixamos levar por inúmeros pensamentos, sejam lá quais forem. Já em "Séance of Entitlement", embora a faixa tenha sim um ritmo 4x4, leva mais de um minuto para que a ambientação inicial ganhe de fato ritmos mais definidos. Como as três faixas anteriores, é densa e remete mais a complementos musicais para outras histórias, ou imagens, do que propriamente como música sozinha em si.
O disco "Post-Truth" não promete unidade, então na próxima faixa, "Fwd", ecos experimentalistas do colega de selo, Aphex Twin, podem ser ouvidos e sentidos. Em pistas menos convencionais, a faixa pode ser utilizada como som incidental, já que não possui uma batida tão forte como acompanhamento, embora possua um excelente trabalho de mistura de sons. Seguindo, em "Antecipation Occupation", o experimentalismo mergulha em seu lado mais apocalíptico, com sons que remetem a uma trilha sonora de filme de suspense. Em "Timmy O & Gem P", outra vinheta curta, com 1:04 de duração, é apenas uma breve viagem particular com samplers, para desembocar na serena "The Patty Smith Disaster", uma referência lírica à multi-artisca Patty Smith, poetisa, cantora, fotógrafa e que sempre lutou pela causa feminista dentro do rock.
A penúltima faixa do disco, "Our Kes", é também uma curta vinheta, com samplers e efeitos sonoros permeando o tema, como uma narrativa de algo que esteja acontecendo em meio a algo caótico, para logo em seguida, entrar na última faixa do álbum, onde o tema pista de dança volta com força total em "Technolocial Utopians", um som pesado, emotivo e que remete a algo intenso, que aí vai da viagem de cada um sobre a percepção da música. No total, "Post-Truth" é um disco para quem ama a música eletrônica no seu lado mais obscuro. Quem gosta de pista e também de sons menos dançáveis mas de igual apelo emocional, vai se identificar. Recomendado para almas inquietas, ouça agora!
Saiba mais sobre a Dust Science e o The Black Dog:
https://www.dustscience.com/releases/post-truth
O disco segue, soturno e introspectivo com "Nothing Ever Changes", uma breve vinheta apocalíptica, que cai muito bem em filmes onde a tensão dão o tom e logo em seguida, cai em "The Truth is In The Post", com uma queda para o ambient electro, algo bem noir que remete a viagens, daquelas onde colocamos a faixa para rolar e nos deixamos levar por inúmeros pensamentos, sejam lá quais forem. Já em "Séance of Entitlement", embora a faixa tenha sim um ritmo 4x4, leva mais de um minuto para que a ambientação inicial ganhe de fato ritmos mais definidos. Como as três faixas anteriores, é densa e remete mais a complementos musicais para outras histórias, ou imagens, do que propriamente como música sozinha em si.
O disco "Post-Truth" não promete unidade, então na próxima faixa, "Fwd", ecos experimentalistas do colega de selo, Aphex Twin, podem ser ouvidos e sentidos. Em pistas menos convencionais, a faixa pode ser utilizada como som incidental, já que não possui uma batida tão forte como acompanhamento, embora possua um excelente trabalho de mistura de sons. Seguindo, em "Antecipation Occupation", o experimentalismo mergulha em seu lado mais apocalíptico, com sons que remetem a uma trilha sonora de filme de suspense. Em "Timmy O & Gem P", outra vinheta curta, com 1:04 de duração, é apenas uma breve viagem particular com samplers, para desembocar na serena "The Patty Smith Disaster", uma referência lírica à multi-artisca Patty Smith, poetisa, cantora, fotógrafa e que sempre lutou pela causa feminista dentro do rock.
A penúltima faixa do disco, "Our Kes", é também uma curta vinheta, com samplers e efeitos sonoros permeando o tema, como uma narrativa de algo que esteja acontecendo em meio a algo caótico, para logo em seguida, entrar na última faixa do álbum, onde o tema pista de dança volta com força total em "Technolocial Utopians", um som pesado, emotivo e que remete a algo intenso, que aí vai da viagem de cada um sobre a percepção da música. No total, "Post-Truth" é um disco para quem ama a música eletrônica no seu lado mais obscuro. Quem gosta de pista e também de sons menos dançáveis mas de igual apelo emocional, vai se identificar. Recomendado para almas inquietas, ouça agora!
Saiba mais sobre a Dust Science e o The Black Dog:
https://www.dustscience.com/releases/post-truth
The Black Dog mostra o lado mais obscuro da música eletrônica em Post-Truth
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