A vida não existiria sem uma trilha sonora

Encontrei este texto, publicado originalmente no site Culturall no ano passado, acho que vale a pena uma lida, pelo menos para pegar os nomes das músicas
O que é uma ´trilha sonora´ pra você? Músicas fazem a nossa história e nossa história é traduzida em inúmeros versos. Recentemente fiz uma seleção para bons momentos que julgo viver. Quando ouvi pela primeira vez “You Know I Couldn´t Last”, do disco “You Are The Quarry” de Morrissey pensei: - finalmente o vocalista do The Smiths se superou! Que drama e melodia! Como gosto de muitos estilos ao mesmo tempo, não me surpreendi por colocar, em seguida, “No Money No Luck”, do mestre BB King e seus solos apaixonantes. A batida cativante do Blues do mago BB nos remete, além de Menphis, claro, embora eu ainda não tenha ido lá (risos), mas imagino como seja o clima de tanto saborear seus sons, a lugares soturnos e fumacentos, com pessoas sorrindo e se divertindo. Superdosagem: Continuei com “Riding With The King”, o clássico que reuniu Deus, ou melhor, Eric Clapton e o velho namorado de Lucille. Incrível!
Mais um gole no vinho e cá estou, montando minha sequência JB, que pode ter vários significados como JailBreak, Jump and Blow, Jaws and Balls, Jetty Boop (intraduzível) ou ainda, o que você sugerir, conte-me! Eis que surge: “Meu Reino”, com Bruno Gouveia nos vocais do Biquini Cavadão, que gravou um dos melhores DVDs da safra ´renascida´ dos anos 80 nacional, embora o BC tenha permanecido intocado desde os tempos em que Dinho ainda era um garoto no Capital Inicial. A letra é melancólica e remete direto à década de 80: “- mas eu preciso de outros sapatos, de outras roupas, de outros temperos, para formar minhas idéias e meus sentimentos. Eu sou soma de tudo o que vejo e minha casa é um espelho, onde à noite eu me deito e sonho com as coisas mais loucas, sem saber porque”. Não resisto e ponho mais uma do Biquini, “Bemvindo ao Mundo Adulto 90”, um ´pop funk´ muito gostoso, com grave meio Red Flag mesclado com Depeche Mode, o que aliás, a voz de Bruno lembra bastante.
A voz de Gouveia lembra tanto a de David Gahan que não resisto, emendo em “Fragile Tension”, do novo disco do Depeche Mode “Sounds of the Universe”. Linda! Perfeita pra dançar mesmo na versão do CD. Aliás, esses caras deveriam ganhar um prêmio de mestres do pop emo, porque, vai escrever bem e fazer melodia bonita assim lá no CQC! Em seguida, se é pra chorar que choremos com vontade: Björk, com “Joga”, um mergulho emocional com sotaque irlandês delicioso de se ouvir. Um estado de emergência que é lindo de se viver... E já que citei DM, por que não ouvirmos algo ´semelhante´? Então vamos ao Cause and Effect, com “Farewell To Arms”, música lançada em 1990 e que pode perfeitamente passar pelo DM para os mais desavisados. Cópia mas igualmente belo! Aí engato no túnel do tempo de vez e volto ao The Wall com “Goodbye Blue Sky”, do Pink Floyd. Essa música é de emocionar até Hitler, se um dia ele tivesse coração... A chamada inocente de uma criança ao início é quase um anúncio de desgraça: “Look mumy, there´s an airplane up in the sky...”. Para quem viu o filme, uma lembrança arrepiante. Para quem ainda não viu, procure: The Wall, do Pink Floyd. Depois me conte... Aliás, apesar de tanto tempo, um tema muito atual, infelizmente.
Mudando agora da desgraça para a beleza poética, cito “Clubbed To Death”, de Rob Dougan. Conheci essa música através do filme homônimo (1996), estrelado pela minha paixão francesa, Elodie Bouchez, que representa Lola, uma menina que, ao dormir no ônibus na volta para casa, acorda no ponto final, em um local super deserto, conhecendo a partir de então, o mundo obscuro das raves e clubs e, consequentemente, travando um estranho caso de amor com um dono de club drogado que fica dividido entre o amor por Lola e a cocaína. Filmaço que ainda tem na trilha sonora Daft Punk e Chemical Brothers ainda em início de carreira. Imperdível! E se o assunto é paixão e loucura, por que não incluir na trilha o hino... “Enjoy The Silence”, do Depeche Mode? Só que na versão especial, quase A Capella (Limited Remix Edition), somente na voz do compositor Martin Gore. Arrepiante! Quase uma marcha fúnebre. Procure, vais gostar.
Sou inquieto. Quem me conhece um pouco sabe que, quando gosto de algo (ou de alguém...) é pra sempre. Assim é com a música. Voltei então ao Pink Floyd, grupo que me fascina há décadas e que, sempre que posso, assisto a algo, como o documentário sobre o disco “The Dark Side Of The Moon”, de onde extraí a pérola “The Great Gig In The Sky” para a trilha desta minha ´festa particular´, unindo o piano sombrio de Richard Wright aos gritos e murmuros da vocalista Claire, que nos fazem entrar em transe e imaginar inúmeras situações extremas, sejam em que sentido for. Experimente.
Finalizo minha private session com duas músicas clássicas do Radiohead. “Lucky”, que me fez comprar correndo na época o disco “Ok Computer”, primeiro pelo nome, depois pela poesia contida em seus versos e a dramaticidade, claro, sempre ela. Em seguida, antes de me jogar na cama, ponho “All I Need”, do recém lançado “In Rainbows”, do mesmo show que nos fez rir e chorar na Praça da Apoteose em Março de 2009, aqui no Rio de Janeiro, ao lado do Kraftwerk. Com uma trilha dessas, a única coisa que posso dizer, com certeza, é: “You´re all I need, You´re all I need, I´m in the middle of your picture, lying in the reeds... I'm the next act, waiting in the wings, I'm an animal, trapped in your hot car...”. Sigamos em frente!
A vida não existiria sem uma trilha sonora
Reviewed by luckveloso
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